Penso muitas vezes, nesta solidão de cortar á faca, qual o tempo que irá separar a minha morte do teu conhecimento dela.
Se horas, dias, semanas?
Quanto tempo até que todos os meus amigos saibam, até que deixem definitivamente de telefonar para aquele que é agora o meu número.
A vida não é interrompida no momento em que a morte ocorre, é-o quando cessa de se alastrar pelos que a conheceram.
Irás ligar pouco depois para encontrar o sucedido na voz trémula da minha mãe? Qual vai ser o teu primeiro pensamento?
Pergunto-me muitas vezes, nesta solidão sufocante, quantas lágrimas trará a minha morte. E se esse número não será o de todas as que chorei em vida.
E a notícia, quem ta vai dar? Quantos dias depois um conhecido na rua ainda perguntará por mim?
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