amor em contra-mão

Arquivo de sentimentos. Palavras em bruto, sem edição. secondhandemotion@gmail.com

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Quero arrancar a tua dor à dentada.

Instantes,

Cheirinhos de magia
Numa democracia
Nunca mais é dia
De o rei fazer anos.

Esse beijo sem retorno
que é cedo e que tarda
rouba-o no meu sono
quando baixar a minha guarda

Esse beijo sem retorno
que eu anseio vir a ter
mudará o abandono
de nunca te conhecer

Esse beijo sem retorno
enevoa os sentidos
sabe a caminhos perdidos

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Eu fui ao teu desencontro para me descompassar da dança dos teus quadris

"ACONTECE

Eu fui ao teu desencontro
Pra não te ver. Nunca mais!
Pra mostrar que sou dos tais
A quem dói o cotovelo
Eu fui ao teu desencontro
Para te desencontrar
E para descobiçar
As ondas do teu cabelo

Eu fui ao teu desencontro
Porque nada me dizias
Passa bem nem os bons dias
E fingias não me ver
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desfalar
Para me desabraçar
Dos teus braços de mulher

Ás vezes
Até parece
Que não vai dar
Não apetece
Não
E quando vamos largar
É que tudo acontece
Ás vezes
Até parece
Que amamos fora de mão

Eu fui ao teu desencontro
Sem uma ponta de despeito
Nem sequer vi no teu peito
O coração de rubis
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desbeijar
Para me descompassar
Da dança dos teus quadris

Quando nos desencontrámos
Deu-se a química secreta
Essa fórmula discreta
Em que somos equação
Pomos lá tudo o que temos
O que queremos e não queremos
E acabamos mais ou menos
Ao encontro da paixão."

letra de João Monge

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Resposta a Vinicius de Moraes

Receita Rápida de Homem

Os baixinhos que me perdoem, mas altura é fundamental.
Os lábios podem ser carnudos ou finos, desde que tenha um riso fácil, dos que iluminam todo o rosto. E que quando sorria, as extremidades de sua boca terminem em mandíbulas carregadas de testosterona.
Quando apaixonado, que seu olhar encerre, manifestamente, o desejo milenar de procriação que pauta toda a natureza.
Que a pele seja lisa, ou com relevos previsíveis de uma cartografia precisa.
O cabelo não deverá ser grande, pois a rebeldia é própria dos pequenos. Que seja forte e farto, senão assumidamente rapado.
Ah, a nuca. Nucas fazem sonhar, impelem a beijos roubados, mas a custo contidos.
Costas largas, aceitam-se em V ou até em U. Ancas ausentes.
As mãos, grandes e angulosas terão o Monte de Vénus musculado, promissor de doçura... e de quase-toques a um milímetro de distância.
Os braços e abraços envolventes, com a capacidade de eclipsar todo o mundo fora deles, silenciam desassossegos e fecham pálpebras.
Mamilos, dois botões de prazer puro sem vestígios de função maternal.
Abdominais podem ser delírios. Quando lembram sólidas tabletes de chocolate, onde o nosso calor consegue gerar gotículas, quando os derretemos. Não importa que as estradas para sul não tenham lombas, precavidos que estejam inequívocos sulcos laterais. Uma proposta em forma de seta.
Deverá explorar livremente todos os orifícios da sua mulher, sem por isso derrubá-la do seu pedestal de deusa sagrada. Terá certezas sobre a sua escolha, e tal fé cega mitigará o radar de predador.
Deslumbrável como uma criança, já salpicou de maturidade um cartão que enviou a acompanhar um bouquet de flores.
E se tudo o resto falhar, e acima de tudo, sacará do âmago feminino gargalhadas puras de deleite, com o seu humor contagiante.



O teu desejo borra-me o rímel. Imagino se me tocasses.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Faz-me falta a lógica da vida. Ou o teu amor, é igual.

Palavras assustam.

Grandes, agudas, fortes, altas, definitivas, perduram.
Carícias querem mãos sem caneta,
Beijos precisam de bocas caladas.