amor em contra-mão

Arquivo de sentimentos. Palavras em bruto, sem edição. secondhandemotion@gmail.com

segunda-feira, março 19, 2007

Distorcendo o anúncio.

Aqui, no sofá da sua sala
Você adormeceu todo torto
E ganhou uma escoliose.

Aqui, neste mesmo sofá,
Completou a maratona televisiva
viu horas seguidas de programas estupidificantes,
apresentou o casal Miopia e Estigmatismo aos seus olhos

Aqui, no sofá da sua sala
Ingeriu gorduras, açúcares e hidratos,
Viu o seu cinto a crescer e os seus pés a desaparecer.
Aumentou a tensão e o colesterol
Diminui o número de anos que verá os seus netos crescer

Ressonou sobre migalhas de pipocas,
Manchas de cerveja, cola e gelado,
e babou milhões de ácaros.
Aqui, no sofá da sua sala.

O mundo está lá fora. A sua vida também.
Fundação Portuguesa de Cardiologia

Tiraste-me as palavras da boca.

"DECLARAÇÃO DE AMOR

Tentei dizer quanto te amava, aquela vez, baixinho
mas havia um grande berreiro, um enorme burburinho
e, pensado bem, o berçário não era o melhor lugar.

Você de fraldas, uma graça, e eu pelado lado a lado,
cada um recém-chegado você em saber ouvir, eu sem saber
falar.

Tentei de novo, lembro bem, na escola.

Um PS no bilhete pedindo cola interceptado pela
professora como um gavião.

Fui parar na sala da directora e depois na rua
enquanto você, compreensivelmente, ficou na sua.

A vida é curta, longa é a paixão.
Numa festinha, ah, nossas festinhas, disse tudo:
"Eu te adoro, te venero, na tua frente fico mudo"
E você não disse nada. E você não disse nada.

Só mais tarde, de ressaca, atinei.
Cheio de amor e Cuba, me enganei e disse tudo para uma
almofada.

Gravei, em vinte árvores, quarenta corações.
O teu nome, o meu, flechas e palpitações:

No mal-me-quer, bem-me quer, dizimei jardins.

Resultado: sou persona pouco grata corrido a gritos de
"Mata! Mata!" por conservacionistas, ecólogos e afins.

Recorri, em desespero, ao gesto obsoleto:

"Se não me segurarem faço um soneto"
E não é que fiz, e até com boas rimas?
Você não leu, e nem sequer ficou sabendo.
Continuo inédito e por teu amor sofrendo
Mas fui premiado num concurso em Minas.

Comecei a escrever com pincel e piche num muro branco, o
asseio que se lixe, todo o meu amor para a tua ciência.

Fui preso, aos socos, e fichado.

Dias e mais dias interrogado: era PC "

Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, março 12, 2007

Peter’s Law, cardiologicaly speaking.






















You’re the perfect friend. There’s a kind of compulsion to take it to the next level.

But you avoid love instinctively.

I got it: you must be lousy in bed. It makes sense.
Let’s not spoil perfection. Your secret is safe with me.

sábado, março 03, 2007















VAMOS TER FILHOS FEIOS.
Que precisem de botas ortopédicas como eu e de óculos como tu.
A busca da perfeição não passa de um desperdício de energia.

Uma borboleta bateu as asas na Nova Zelândia















e tu apaixonaste-te por outra.

E quando as baleias migrarem?