Há graças sem graça nenhuma.
Segundo o que observo à minha volta, hoje em dia o acto de nomear os frutos do amor segue passos bastante precisos, geralmente desencadeados pelo progenitor do sexo feminino.
Após confirmada a gravidez, esperam-se as seguintes etapas na vida da futura mãe:
1. apontar os nomes que escolheu para os seus filhos quando ainda era pré-adolescente;
2. partilhá-los com os amigos e recolher as suas sugestões;
3. acrescentar à lista nomes de personagens que a marcaram na literatura, cinema e afins;
4. consultar a origem etimológica de cada nome e riscar os de significado pouco dignificante;
5. eliminar também aqueles que um dos elementos do casal associe a pessoas que não gosta;
6. deitar a lista no eco-ponto azul;
7. ceder à pressão do progenitor masculino de dar ao filho o mesmo nome (execrável) do pai. Nome esse que já vem do avô, do bisavô, do tetravô… numa tradição que, se não for cumprida, quebrará para sempre a honra da família.
A variante feminina deste processo resulta no nome bafiento de uma tia-avó.