Primeira vez*
Vamos jogar ao faz de conta que nunca nos tínhamos conhecido.
Faz habitar no teu corpo - do qual esquecerei que decorei cada centímetro - a existência que quiseres. Esvazia-te de tudo o que eu sei de ti e materializa-te com outro cheiro e outro riso e outra temperatura no olhar. Faz-me obliterar o teu travo agridoce antes de me dares a beber esse outro tu, tão despido de ti que só tu o podes personificar.
*sobre a impossibilidade de dissociar alguém que se gosta de certos significados, e a fantasia de que só o outro se pode esvaziar a ele próprio das nossas memórias dele.