amor em contra-mão

Arquivo de sentimentos. Palavras em bruto, sem edição. secondhandemotion@gmail.com

terça-feira, março 31, 2015

Primeira vez*

Vamos jogar ao faz de conta que nunca nos tínhamos conhecido.
Faz habitar no teu corpo - do qual esquecerei que decorei cada centímetro - a existência que quiseres. Esvazia-te de tudo o que eu sei de ti e materializa-te com outro cheiro e outro riso e outra temperatura no olhar. Faz-me obliterar o teu travo agridoce antes de me dares a beber esse outro tu, tão despido de ti que só tu o podes personificar.

*sobre a impossibilidade de dissociar alguém que se gosta de certos significados, e a fantasia de que só o outro se pode esvaziar a ele próprio das nossas memórias dele.

sábado, julho 19, 2014

A saber.


Sabes que uma mulher tem muito pouco mérito sobre a sua própria beleza, não sabes?
Que é como elogiar alguém por ter nascido numa certa terra; mais influência terão os seus pais. E mesmo assim...

E sabes que a razão de existência do corpo de uma mulher não é ser-te agradável ao olhar, não sabes? 
Que lhe serve a ela, a move, a sustenta, e que é perfeito assim. O corpo de uma mulher é sempre único e perfeito.
Não sabes. Porque eu falo de livros inteiros e tu ficas-te pelo design das capas.

terça-feira, junho 24, 2014

Imprinting

Como um patinho acabado de nascer que vê um outro animal, maior, adulto, ali. Gostei de ti. Foste o primeiro que eu vi. Foi amor à primeira vista, porque eu precisava de colo tão definitivamente que nem reparei que não somos da mesma espécie. E serás sempre tu, mesmo que a mais ninguém faça sentido.

domingo, junho 01, 2014

Queres um adjetivo, eu sou verbo.

Tu queres um adjetivo, que seja superlativo. Inquestionável à contemplação.
Eu sou um verbo, respiro movimento. Sou agente de ação.
Enquanto procuras a versão cristalizada do teu ideal, eu passo. Eu faço. Eu danço. Eu fui. 
Já era.

terça-feira, maio 20, 2014

Amor Diabetes.

Doce ao paladar. Textura aveludada. Consumo excessivo causa cegueira. Exposição prolongada conduz a morte silenciosa. 

Uma espécie de cabrão.


Muito mais perigoso que os que se topam à légua. Porque não pareces. Armado do teu sorriso sincero (?), promessas românticas e mentiras em que, às tantas, até tu acreditas. Cravejado de boas intenções, nunca só, só vitima do teu próprio engano.
És um cabrao da pior espécie. Baixamos a guarda. Uma a uma. Que nem tordos, caímos como umas patinhas. Constróis os mais belos castelos nas nuvens desses teus olhos azuis. Tens gestos doces e palavras meigas. És o caminho revestido a veludo para a destruição. Contra toda a suspeição: és um cabrão. 

segunda-feira, maio 19, 2014


Como te atreves a deixar os meus lábios nus tanto tempo?

sexta-feira, maio 16, 2014

We’re all made of Jenga.

We start as a tower, tall and steady. Our weaknesses stacked between our strengths, hiding, protected. Gravity keeps us together. And the world stares. Trying to predict our soft spots, pushing our buttons. We cave. We fall by pieces, yet we stand. The pressure will come, we just don’t know its direction. But we’re not built equal. The air through our gaps disturbs some more than others. If you insist in keep playing it, your game will be over soon.





















Assim que nos conhecemo-nos, gostámo-nos. Assim mesmo, sem push-ups nem make-ups. Sem extensões de unhas ou cabelos, madeixas californianas, ou sequer pestanas postiças.
Ausentes de silicone, macrolane, ou outros tratamentos modelantes modelados ao gosto das revistas.


Só um batom vermelho, que a meio do jantar ficou meio no copo meio no guardanapo. E estava bem assim, porque me preferes sem ele e eu prefiro os meus lábios em decalque direto nos teus.